quarta-feira, 30 de abril de 2008

ABRIL EM SÃO LOURENÇO

Foi preciso esperar quase o mês todo para ver o Abril verdadeiro de SL, pois nestes tempos de mudanças constantes, choveu em abril em quantidade totalmente fora dos padrões. Dias nublados e chuvosos não fazem parte da rotina desse mês.

Abril é a entrada não oficial do Outono, com seus dias frescos, céu muito azul e noites estreladas.

Agora já se sente o clima outonal, e muitas manhãs chegam envolvidas em brumas, escondendo casas e paisagem.



O urucum do meu jardim está mostrando suas lindas flores rosadas, e os frutos tambem estão surgindo.
As árvores e trepadeiras nativas, cheias de frutinhos, atraem os pássaros que passam o dia num vai-e-vem buliçoso em busca de alimento.

É encantador poder observá-los da minha janela, pois nossa presença já não os assusta mais, acostumados que estão com essa observação silenciosa.

A surpresa do mês ficou por conta de um grupo de macaquinhos passeando pelo nosso jardim-bosque, em alegre algazarra.

Mês dos índios (como se eles tivessem vez de verdade...), e aproveito para deixar aqui as sábias palavras de um chefe indígena (e estranhas para o homem branco):

"-Tu exiges que eu lavre a Terra. Devo tomar uma faca e dilacerar o seio de minha Mãe ? Quando eu morrer, ela não deixará que repouse em seu seio...

-Tu exiges que eu escave à procura de pedras. Devo cavar sob sua pele em busca de seus ossos ? Quando morrer, eu não poderei voltar ao seu corpo para nascer novamente.

-Tu exiges que eu corte o capim para fazer feno e vendê-lo, a fim de enriquecer como os homens brancos. Mas como posso ter a coragem de cortar os cabelos de minha Mãe ?

LONGE DA NATUREZA O CORAÇÃO DO HOMEM SE ENDURECE.

A falta de atenção para o que cresce e vive tambem leva logo à falta de atenção para com as pessoas."








sexta-feira, 25 de abril de 2008

CAFUNDÓ - Bairro Verde

"Eu moro lá naquele cafundó, muito, muito longe daqui"...
Devia ser assim que as pessoas falavam daquele bairro tão afastado do centro, cercado de verde e margeando a linha do trem.

Pobre de riqueza, rico de natureza, o Cafundó, ou Bairro Nossa Senhora de Lourdes, como é oficialmente conhecido, é uma surpresa para o viajante desavisado.
Casinhas simples e encantadoras, armazéns nostálgicos, onde se encontra de- tudo- um- pouco , ar puro e fresco e uma paisagem deliciosamente verde, fazem desse lugarejo afastado um passeio muito interessante.
A Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, construção simples e branca no alto de uma colina, possui um imponente muro de pedras contornando a calçada estreita. No Cafundó as calçadas são realmente estreitas , e o normal é se andar pela rua mesmo.
Pequenos sítios, nascentes de água e estradinhas de terra, completam o quadro rural.
"Por linha", como dizem os moradores locais, pode-se chegar mais rápido ao centro da cidade, andando à pé ou de bicicleta, ao longo da via férrea, e aproveitando para observar a verdejante natureza, onde as árvores nativas marcam o tom das estações.

É pelo Cafundó que se chega, vindo em caminhada pela Estrada Real, a São Lourenço.
É pelo Cafundó que partem peregrinos, saindo da Capelinha Nhá Chica, para visitar a Igreja de Nhá Chica, em Baependi.
No Cafundó ainda existe a Folia de Reis e a Serenata do Dia das Mães.

...E é no Cafundó que eu moro.












sábado, 12 de abril de 2008

MANTIQUEIRA - A Serra que Chora

Conta a lenda que, em tempos idos, uma formosa índia da tribo Tupy apaixonou-se perdidamente pelo Sol, e passava os dias a banhar-se na sua luz.
O Sol, o Guerreiro do Cocar de Fogo, tambem enamorado da bela índia, passava dias e noites no céu para ficar perto da sua amada, não deixando que a paz da noite serenasse a Terra.
Os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais.
A Lua, com ciúme da mulher que roubou-lhe a atenção do Sol, foi queixar-se a Tupã, e este ergueu um enorme paredão para esconder do Sol sua enamorada.
A índia, impedida de ver seu amado, verteu rios de lágrimas, torrentes de água.

A montanha foi chamada de A-man-ti-kir, que quer dizer Serra que Chora, devido à grande quantidade de nascentes que brotam em suas encostas.
As lágrimas da bela índia de que ninguem lembra o nome..
Mas eu, até hoje lembro a primeira vez que por essa serra andei, menina ainda, fascinada com tanto verde, e "comendo" poeira na estrada ainda de terra.
Incontáveis viagens fiz pela Serra que Chora ao longo da minha vida, mas é sempre um deslumbramento respirar seu ar tão puro e olhar sua verde paisagem.