quinta-feira, 27 de maio de 2010

AS FONTES AO LONGO DOS ANOS

Evoluir é preciso, o trem da História não pode parar.
Na ânsia do novo, no medo de "envelhecer" o Homem vai mudando a aparência das cidades, num caminhar sempre para a frente, correndo atrás do moderno, do atual.

Em 1918 a Fonte Gasosa era assim ! Imagino que a cobertura devia ser em metal, com os rendilhados característicos da época e tão bonitos.


Atualmente ela é assim. Bonita, na brancura sóbria e elegante.
Mas aquela de 1918...
É a minha preferida !

Será que a Fonte Vichy sempre teve esse formato ?
Não conheço outro modelo. Com seu feitio arredondado e a beleza da grade no vidro, ela é a nossa marca registrada.

Hoje a Fonte Vichy é cercada pela mureta em verde e branco, gramado e flores. Não mudou muito.

A primeira vez que vi essa foto, numa imagem apagada e sem texto, pensei tratar-se de algum engano: não existe em São Lourenço construção desse porte !
Mais tarde descobri ser a Fonte Magnesiana da década de 30.
E fica a pergunta que me intriga: por que razão demoliram uma obra tão imponente ???

Fonte Magnesiana atual, e desde a década de 40.
Qual terá sido a razão para construírem uma fonte monumental na década de 30, e já na década seguinte tê-la substituído ?

Em 1942 (ou 45) , a Fonte Sulfurosa era assim ! E creio que ficou dessa maneira até a década de 60.
Não sei do que gosto mais, se da fonte ou da roupa elegante dos aquáticos...

Moderna, alçando vôo, está a Fonte Sulfurosa nos tempos modernos.

Eu prefiro a antiga...

- Que mania de gostar de "coisa velha" !!!
- Não ! É simplesmente usar a lógica: por que destruir o que já existe para construir outro novo no lugar ? É o que se costuma chamar de "trocar o 6 por meia-dúzia".
Não seria mais interessante deixar o que já existe e acrescentar o novo em outro lugar ?

Enfim...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

CAMINHANTE DA ESTRADA REAL

Voltando para casa, de carro, vejo passar um homem com tipo de peregrino e vestindo uma camiseta onde, de relance, li Diamantina. Logo disse ao meu marido: - Volta que eu quero conversar com ele !
Afinal de contas, não é todo dia que eu vejo um Caminhante da Estrada Real no Cafundó !

Júlio, o risonho peregrino, é um mineiro que mora no Rio de Janeiro há 30 anos. Decidido a fazer o percurso Diamantina-Parati, deslocou-se, de ônibus, do Rio até Diamantina para lá começar o longo percurso.


Chegou a São Lourenço hoje, 24/5/2010, após 65 dias de caminhada e espera levar mais uns 17 dias até Parati.
A Estrada Real está demarcada no bairro Cafundó (N. Sª. de Lourdes) pelos marcos de concreto.

Na sua camisa está escrito: "Mil km Diamantina-Parati Caminho do Ouro".
Na realidade, são 1040 quilometros.
Júlio caminha aproximadamente 25 km por dia, e às vezes descansa 2 dias nas cidades de pouso.


Dormiu em Caxambu e lá ficou 2 dias, aproveitando para conhecer o lugar. Aqui em São Lourenço deverá fazer o mesmo, antes de seguir para Pouso Alto.

Viajante solitário, Júlio está no Caminho Certo, percorrendo o roteiro encantado da Estrada Real.
Despedi-me dele, desejando boa caminhada e pensando se, algum dia, eu teria coragem de fazer o mesmo...

sábado, 22 de maio de 2010

ALPHABETOS - Sebo Chique em São Lourenço

AlphaBetos Sebo - Empório do Conhecimento, Oficina do Imaginário, é uma loja onde o novo convive com o antigo na mais perfeita comunhão.
Roberto e Roberta juntaram o útil ao agradável, fazendo do trabalho um prazer e reunindo amigos para trocar idéias sobre som e imagem, arte, cultura e diversão.


Inaugurada em Fevereiro de 2010, a AlphaBetos é um ponto de encontro de colecionadores e amantes do Vinil e dos Gibis. Crianças, jovens e adultos esquecem do tempo naquele lugar mágico povoado pelo som e pelas imagens de várias eras.



Gerações se encontram e trocam informações e lembranças.

Preciosidades da loja: Os primeiros discos dos Beatles. Esses não estão à venda !

Contando atualmente com mais de 1200 discos de vinil, a AlphaBetos tem opção para todos os gostos e idades.

Santana Fernandes, apresentador do excelente programa "Porque Hoje É Domingo", da Rádio Estância AM, de São Lourenço, visitou a loja e escolheu alguns discos. Seu programa vai ao ar todos os domingos, das 9h às 13h, e pode também ser ouvido pela net:
http://www.radioestancia.com.br/

O antigo toca-discos funciona o tempo todo, trazendo para o presente os sucessos do passado.


Promoção espetacular: na banca de $3,00 discos e mais discos ! Eu já fiz minha compra e trouxe para casa Amália Rodrigues, Cauby Peixoto, Anos Dourados, Madrigal Renascentista, e até Enrico Caruso !!!

Essa Coleção de MÚSICA POPULAR BRASILEIRA tem um bom número de artistas.
Na foto, o disco do compositor Assis Valente.

Música indiana...

Herb Alpert e sua Tijuana Brass, no disco sucesso dos anos 60 CREME BATIDO. Na capa, uma morena bonita coberta de creme.

Na AlphaBetos também tem lugar para desenho. Na foto, um exemplo da arte do Roberto.


Livros também estão na loja: didáticos, ficção, técnicos, romances, infantis.
Revistas legais, como Superinteressante e Planeta.

Quem lembra da COLEÇÃO SARAIVA ?

Gibis do universo Marvel, histórias para adultos e crianças.

Mais do que uma loja, a AlphaBetos é um programa interessante para moradores e turistas que visitam São Lourenço.
Mergulhar no mundo encantado do faz-de-conta, percorrer o túnel do tempo, acompanhar os super heróis dos quadrinhos...

SEBO
ALPHABETOS
Av. D. Pedro II 150 - Galeria Michel Haidar (junto da Faculdade Victor Hugo)
2º piso - loja 221 - Tel: 8407-7313
São Lourenço - MG

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 ATUALMENTE A LOJA ALPHABETOS NÃO EXISTE, MAS ALGUNS DISCOS E O CONTATO COM O ROBERTO  PODE SER FEITO NO CAMINHO DO ARTESANATO: MERCADO MUNICIPAL, FUNDOS
TEL: (35) 9189-6801

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

...PORQUE BELEZA É FUNDAMENTAL. II

Quando o Ofício é a Arte, o resultado é muita beleza e harmonia. Dois artistas de primeira linha oferecem essa beleza para os apreciadores da arte e do bom gosto.

No centro de São Lourenço, dentro da Galeria João Lage, está a loja do Atelier Arte e Ofício, onde Michel Fares e Bernardo Ilg expõe seu belo trabalho.

Acrílico sobre tela. Obra de Michel Fares.

Cerâmica de Bernardo Ilg.

Seja turista ou morador da cidade, não deixe de conhecer esse belo espaço cultural de São Lourenço.
E aproveite para tomar o delicioso cappucino do Coffee Coffee, o famoso Café da Mara, na Galeria João Lage.

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LAMENTAVELMENTE, O ATELIER ARTE OFÍCIO FECHOU SUAS PORTAS.

maio 2012
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quinta-feira, 6 de maio de 2010

NHÁ CHICA - Por Paulo Coelho

A BEATA DE BAEPENDI
Em 2010 comemoram-se 200 anos de batismo de Nhá Chica de Baependi e quero recontar uma história:


Muito tempo atrás, durante meu período hippie, minha irmã me convidou para ser padrinho de sua primeira filha. O primeiro ano se passou, e o batizado não acontecia nunca. Achei que minha irmã tinha mudado de idéia, fui perguntar o que havia acontecido, e ela responde:
- Você continua padrinho. Acontece que fiz uma promessa para Nhá Chica e quero batizá-la em Baepedi, porque ela me concedeu uma graça.
Não sabia onde era Baependi e jamais tinha escutado falar de Nhá Chica.

O período hippie passou, finalmente em 1978 a decisão foi tomada, e as duas famílias - dela e de seu ex-marido - foram até lá.
Descobri que Nhá Chica, que não tinha dinheiro nem para seu próprio sustento, passara 30 anos construíndo uma igreja e ajudando os pobres.


Eu vinha de um período muito turbulento e já não acreditava mais em Deus. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude - entre os quais, ser escritor - e não pretendia voltar a ter ilusões. Estava ali naquela Igreja apenas para cumprir um dever social.
Enquanto esperava a hora do batizado, comecei a passear pelos arredores e terminei entrando na humilde casa de Nhá Chica, ao lado da Igreja. Dois cômodos e um pequeno altar, com algumas imagens de santos e um vaso com duas rosas vermelhas e uma branca.
Num impulso, diferente de tudo o que eu pensava na época, fiz um pedido:
se, algum dia, eu conseguir ser o escritor que queria ser e já não quero mais, voltarei aqui quando tiver 50 anos e trarei duas rosas vermelhas e uma branca.


Apenas para me lembrar do batizado, comprei um retrato de Nhá Chica.

Na volta para o Rio, o desastre: um ônibus para subitamente na minha frente, eu desvio o carro numa fração de segundo, o meu cunhado também consegue desviar o carro, mas o carro que vem atrás de choca, há uma explosão, vários mortos. Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção.

Ali começava minha jornada de volta aos sonhos, à busca espiritual, à literatura. Nunca me esqueci das três rosas. Finalmento, os 50 anos - que naquela época pareciam tão distantes - terminaram chegando.

Fui a Baependi pagar minha promessa. Alguém me viu chegando a Caxambu (onde pernoitei), e um jornalista veio me entrevistar. Quando contei o que estava fazendo ali, ele pediu:
- Fale sobre Nhá Chica. O corpo dela foi exumado esta semana e o processo de beatificação está no Vaticano. As pessoas precisam dar seu testemunho.
- Não. É uma história muito íntima. Só falaria se recebesse um sinal.
E pensei: "O que seria um sinal ? Só mesmo se alguém falasse em nome dela !"


"No dia seguinte, peguei o carro, as flores, e fui a Baependi. Parei um pouco distante daIgreja, lembrando o executivo de gravadora que estivera ali tanto tempo antes e as muitas coisas que tinham me conduzido de volta. Quando ia entrando na casa, uma mulher jovem saiu de uma loja de roupas:
- Vi que seu livro "Maktub" é dedicado a Nhá Chica - disse ela.
Garanto que ela ficou contente.
E não me pediu nada. Mas aquele era o sinal que eu estava esperando. E este é o depoimento público que eu precisava dar."

(As 3 primeiras fotos são de obras do artista plástico Marco Aurélio Dias e estão na Capelinha Nhá Chica, em São Lourenço. A 4ª foto é da Capelinha, e a 5ª da Igreja de Baependi)

sábado, 1 de maio de 2010

PEREGINAÇÃO À NHÁ CHICA

Tradicionalmente, no dia 1º de Maio, é realizada a Peregrinação anual à Igreja de Nhá Chica, na cidade de Baependi.
Os Peregrinos, saindo de São Lourenço, percorrem 33 km através de 4 cidades (São Lourenço, Soledade, Caxambu e Baependi) caminhando por estrada de terra e admirando belíssimas paisagens.
Existe toda uma programação, muito bem organizada, onde pode-se sair da Igreja Matriz de São Lourenço Mártir, no centro da cidade - recebendo antes a bênção do pároco - e caminhar em direção ao Anel Rodoviário.

Às margens do Anel, no Bairro Cafundó (N.S. de Lourdes), encontra-se a Capelinha Nhá Chica, obra interessantíssima do artista plástico Marco Aurélio Dias.

Nhá Chica é ali representada de várias formas artísticas.

Chegamos na Capelinha ainda escuro, às 05h de uma madrugada fria.

A Capelinha é uma obra em constante mutação, despertando a curiosidade e admiração dos visitantes.

Perto do Hotel-Fazenda Vista Alegre a estrada contorna-o e continua mostrando belos recantos rurais.

Vários Peregrinos começaram a caminhada perto de meia-noite, e durante a madrugada e a manhã é um constante movimento de caminhantes.

Paisagem do campo: o gado tranquilo, a fumaça da olaria e a neblina encobrindo as montanhas ao fundo.

Nesse ponto, o muro do sítio totalmente encoberto pela Thumbérgia florida.

Chegando no bairro de Soledade - Mato Dentro - a neblina continuava firme.


Ali é um ponto de parada muito importante, após aproximadamente 10 km de trajeto. Os Peregrinos descansam, repondo suas forças, para a etapa seguinte.
O Marco da Estrada Real, no Mato Dentro.

A Igreja de São José, do Mato Dentro, é o refrigério para para o corpo e a alma do Peregrino.

Um momento de oração, agradecendo e pedindo proteção para os muitos kilometros a serem vencidos.

Ali é o Ponto de Apoio 3.

Carro da EPTV, fazendo a cobertura do evento.

Saudação aos Peregrinos, na entrada da Igreja.

Momento de reabastecer o corpo: café, pastel...

Ao longo do percurso vários sacos para recolher o lixo, deixando assim a estrada limpa.

Por aqui eu parei e voltei.
Mas os Peregrinos continuaram. Sua meta: a Igreja de Nhá Chica, em Baependi. Muita estrada, muita fé, e a certeza de vencer mais um obstáculo.